Manejo do pirarucu: WWF-Brasil registra em vídeo trabalho de 18 anos no Baixo Amazonas

 
 
Como parte das comemorações do Dia da Amazônia, celebrado neste dia 5 de setembro, o WWF-Brasil lança, em conjunto com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o vídeo “Manejo do Pirarucu no Baixo Amazonas”. A película, filmada nas imediações do município de Santarém (PA), levou um ano para ser produzida e será utilizada como instrumento de Educação Ambiental e de disseminação dos resultados do projeto Várzea, uma iniciativa desenvolvida há 18 anos pelo WWF-Brasil e pelo Ipam naquela região.

O vídeo possui 15 minutos, conta a história do projeto Várzea e mostra como é possível promover o manejo sustentável do pirarucu nas várzeas amazônicas. Por meio do depoimento de comunitários da zona rural de Santarém e de pesquisadores do Ipam, o filme apresenta os benefícios que esta prática traz às famílias que vivem na beira dos rios. O vídeo traz também cenas típicas do cotidiano ribeirinho, como o navegar pelas águas barrentas do rio Amazonas, a pesca do pirarucu e as festas realizadas para impulsionar a comercialização do produto.

O Manejo do Pirarucu no Baixo Amazonas está disponível na conta oficial do WWF-Brasil no Youtube e terá versões em português e inglês. A trilha sonora é composta de músicas de Antônio Vieira, conhecido como Mestre Vieira, considerado o criador da guitarrada paraense e uma das maiores referências da música popular brasileira.

A idéia é que o vídeo seja usado como instrumento de disseminação da metodologia utilizada no projeto Várzea. “Esta ação tem feito muitas coisas legais do ponto de vista da conservação e do manejo sustentável. O vídeo é uma forma de divulgar essas idéias e experiências”, afirmou o coordenador David McGrath. O geógrafo, que é pesquisador do Ipam, disse ainda que o vídeo pode inspirar outros grupos a desenvolver trabalhos semelhantes.

Benefícios ambientais

De julho de 1994 até agosto de 2012, o projeto Várzea apoiou a implementação de 15 Projetos de Assentamentos Agroextrativistas (PAE's) na zona rural de Santarém, atingindo uma área de aproximadamente 1 milhão de hectares, envolvendo 150 comunidades ribeirinhas e 45 mil habitantes.

Esses resultados permitiram a conservação do pirarucu naquela região; o aumento da renda das famílias que lidam com esta atividade econômica; e contribuiu com a conservação dos ecossistemas aquáticos e da floresta, típicos da várzea da Amazônia. Além disso, várias práticas desenvolvidas por este projeto de forma pioneira foram replicadas, ao longo dos anos, pelo Governo Federal em outros Estados, como no Acre e no Amazonas.

Para David McGrath, o manejo comunitário do pirarucu é fundamental para o desenvolvimento sustentável da várzea. “Atualmente, o manejo deste tipo de peixe é o sistema de manejo comunitário mais bem sucedido na Amazônia. A disseminação desta prática e a construção de políticas e programas de apoio são prioridades importantes para a conservação de toda a várzea do rio Amazonas”, alertou o geógrafo.

Opções de atividades econômicas

O analista de conservação do WWF-Brasil, Antônio Oviedo, também aposta na divulgação das estratégias do projeto Várzea. “Este trabalho é uma iniciativa de sucesso. Temos uma metodologia inovadora e transformadora para a questão das várzeas, mostrando que existem práticas econômicas alternativas à criação do boi”, explicou o especialista.

Oviedo afirmou também que uma das bases do projeto é mostrar que existem, para os ribeirinhos amazônicos, opções de atividade econômica diferenciadas, que vão além da pecuária extensiva. “Na Amazônia, se diz que a prática econômica que possui maior liquidez é o gado. E nós apresentamos uma alternativa que pode ser mais rentável e gera maior conservação dos ecossistemas aquáticos, da floresta e do bioma como um todo”, afirmou.

No vídeo, os comunitários participantes do projeto são convidados a dar seu depoimento. O pescador Rivelino Mota de Souza, da comunidade de Pixuna do Tapará, contou que os pescadores perceberam que, sem os acordos de pesca, o pirarucu logo seria extinto, prejudicando a vida de centenas de famílias. “Nós decidimos, então, que era importante trabalhar no manejo da pesca. Estávamos percebendo que nós mesmos estávamos destruindo o recurso”, disse Rivelino.

Morador da comunidade de Santa Maria do Tapará, Raimundo Amarildo dos Santos faz coro ao colega de profissão. “Nós sabemos, temos experiência. Não é todo lugar que tem peixe. Se existe peixe aqui, é porque nós preservamos. Estamos colocando isso para as pessoas e pouco a pouco elas estão entendendo que precisamos preservar essa espécie”, declarou. “Nossa experiência de trabalho mostra que é positivo manejar o pirarucu. Se você for analisar a região, só existe pirarucu nas áreas em que é realizado o manejo”, afirmou Lauro Sousa, da comunidade de Santa Maria do Tapará.

Sobre o projeto Várzea
 
O projeto Várzea teve início em julho de 1994, sendo executado pelo Ipam com o apoio técnico e financeiro do WWF-Brasil. A iniciativa estabeleceu parcerias com a Colônia de Pescadores de Santarém, comunidades da várzea e órgãos governamentais para viabilizar acordos de pesca e utilizar esses acordos como base de uma estratégia regional para o manejo sustentável da várzea amazônica.

Entre os objetivos deste trabalho estão o desenvolvimento de sistemas de manejo comunitário para as atividades de pesca da várzea; a viabilização de alternativas econômicas para diversificar as fontes de renda das famílias ribeirinhas; a realização de pesquisas sobre a pesca comercial desenvolvida naquela região; a realização de programas educacionais de Educação Ambiental; e a criação de políticas para a gestão participativa das atividades pesqueiras; e atividades de fortalecimento das organizações e associações locais.
 
FONTE: http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?32264


 
 

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