Pesquisas avançam e alimentos fortificados devem cair no gosto do consumidor
Básicos como arroz, feijão, milho e batata-doce rendem até salgadinhos e podem chamar a atenção nas prateleiras; Saiba como estes produtos podem prevenir deficiências nutricionais
por Hanny Guimarães
Fábrica de salgadinhos da Pepsico. Produtos fortificados estão em fase de desenvolvimento (Foto: Divulgação/Pepsico)
O Iapar desenvolve trabalhos relacionados à biofortificação de alimentos básicos como arroz, feijão, milho, mandioca e trigo e aposta na melhoria nutricional para reduzir uma série de deficiências provocadas pela falta de determinadas substâncias no organismo. Em geral, as principais faltas de nutrientes no organismo são de ferro, zinco e vitamina A. A carência de ferro resulta em anemia, a de zinco compromete o sistema imunológico e a de vitamina A leva a cegueira, retardamento do crescimento e desordens reprodutivas.
Mas afinal, o que é a fortificação?
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
define biofortificação como “o processo utilizado para aumentar o
conteúdo nutricional de micronutrientes, como vitaminas e minerais
específicos, das porções comestíveis das plantas utilizadas como
alimentos, o que pode ser feito através de técnicas de melhoramento convencional de plantas ou através da biotecnologia”. “Esse processo representa uma estratégia importante para reduzir a desnutrição da população e possibilitar que famílias carentes melhorem a dieta e a saúde”, afirma a pesquisadora Vânia Moda Cirino, responsável pelos trabalhos no Iapar.
Milho fortificado da Embrapa lançado no mês de maio (Foto: Divulgação/Embrapa)
Mercado
Muitas
dessas variedades desenvolvidas pelos institutos de pesquisa já estão
no mercado e servem até mesmo de inspiração para o desenvolvimento de
produtos industrializados mais ricos em micronutrientes.
Sérgio
Júlio, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Pepsico Brasil
acredita que o trabalho com alimentos fortificados deve melhorar ainda
mais o valor nutricional dos produtos (Foto: Divulgação/Pepsico)
A Pepsico, por exemplo, está investindo na elaboração de salgadinhos de milho e batata-doce.
Os primeiros projetos da empresa, em parceria com a Embrapa, começaram
em 2011. “A Embrapa nos procurou para avaliarmos o potencial de ampliar a
utilização de raízes e grãos que, naturalmente, forneciam uma
quantidade de pró-vitamina A, ferro e zinco acima dos
padrões normais, resultado de melhoramento genético, para a produção de
salgadinhos”, conta Sérgio Júlio, diretor de Pesquisa &
Desenvolvimento da Pepsico Brasil. O trabalho com as sementes fortificadas, de acordo com ele, é realizado nos laboratórios de 12 unidades da Embrapa em todo o Brasil, com coordenação da pesquisadora Marília Nutti. O objetivo dos trabalhos, ele afirma, é promover uma dieta com maior quantidade desses nutrientes. “Isso significa melhorar ainda mais o valor nutricional de nossos produtos e de forma natural”, ele explica.
As pesquisas ainda estão em fase laboratorial e a empresa ainda não definiu qual produto será ofertado ao mercado. Sérgio acredita que muitos estudos devem ser feitos para comprovar o benefício dos alimentos pesquisados, mas ele acredita que a parceria vai promover muitos benefícios para os consumidores.
Grão enriquecido
Neste mês de maio, a Embrapa lança uma cultivar de milho com quantidade de pró-vitamina A
(carotenoides) cerca de quatro vezes superior à encontrada em
cultivares comuns do cereal. Segundo a Embrapa, o milho biofortificado –
que será identificado pela sigla BRS 4104 – é específico para programas
sociais, como os de merenda escolar. O trabalho de transferência de
tecnologia vem sendo feito por meio de multiplicação de sementes pelas
comunidades parceiras. FORTIFICAÇÃO DO IAPAR
Milho:
até o momento foram obtidas duas variedades que apresentam teores mais
elevados dos minerais ferro e zinco. As variedades PC 0901 e PC 0902
estão sendo avaliadas para adaptação nas diferentes regiões produtoras
do Paraná, podendo em breve serem liberadas para cultivo
Feijão:
as pesquisas estão sendo desenvolvidas na busca de um grão com bom
desempenho agronômico e maior teor de proteína e dos minerais ferro e
zinco. Foram avaliadas milhares de amostras e até o momento obtidas 51
linhagens biofortificadas que se encontram em fase final de avaliação,
com possibilidades de registro para cultivo dentro de três anos
Trigo:
inicialmente foram avaliadas 391 amostras da coleção de trigo do Iapar e
aqueles com teores de ferro e zinco acima da média foram cruzados com
variedades comerciais, visando obter variedades com boa adaptação nas
diferentes regiões produtoras. Até o momento foram obtidas 20 linhagens,
sendo que duas tem se destacado, com possibilidade de serem registradas
e lançadas em breve
Mandioca:
foram feitas avaliações com amostras da coleção do Iapar, composta por
880 materiais, e selecionadas as com maiores teores de ferro, zinco e
carotenoides. Também foram realizados cruzamentos com materiais mais
adaptados a diferentes condições de solo e clima, produtividade e
estabilidade. A cultivar IPR Upira, que apresentou teor de caroteno
superior, está em fase de registro no Ministério da Agricultura
Fonte: http://revistagloborural.globo.com
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