Pará perde 41,2% da receita com água

O fornecimento de água no Pará perde 41,2% de seu faturamento devido a vazamentos, ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo do produto. Os dados, divulgados ontem, são da pesquisa Perdas de Água: Entraves ao Avanço do Saneamento Básico e Riscos de Agravamento à Escassez Hídrica no Brasil, feita pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), Instituto Trata Brasil. Os piores casos no Pará foram identificados em Belém, com perda de faturamento de 44,1%; em Santarém, com 34,5%; e Ananindeua, com 29,9%. 

O levantamento feito pelos professores Rudinei Toneto Jr., da Universidade de São Paulo (USP), e Carlos Saiani, do Instituto Mackenzie, leva em conta dados de 2010 e é baseado nas perdas financeiras dos provedores dos serviços informadas ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades. No Pará, a principal empresa fornecedora de água é a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), uma empresa pública do Estado. "Estas perdas financeiras derivam da água produzida, mas que não consegue ser cobrada do usuário por problemas técnicos, de ineficiência na gestão, entre outros. Derivam de ligações clandestinas, roubos de água, problemas e/ou falta de hidrantes e de medição em geral, submedições e, sobretudo, dos vazamentos que ocorrem por sobrepressão nas redes em horários de baixa demanda, por corrosão e/ou idade avançada das redes de distribuição, uso de materiais inadequados ou fora dos padrões técnicos, obras mal executadas, entre outros", diz o estudo. 

O estudo utilizou informações sobre os serviços de abastecimento de água em 4.926 municípios brasileiros, dos quais 333 na região Norte (7%), 1.584 na região Nordeste (32%), 417 na região Centro-Oeste (8%), 1.505 na região Sudeste (31%) e 1.087 na região Sul (22%). Em 2010, a média brasileira de perdas de faturamento era igual a 37,57%, com média de 51,55% na região Norte; 44,93% na região Nordeste; 32,59% na região Centro-Oeste; 35,19% na região Sudeste; e 32,29% na região Sul. 

No que diz respeito aos índices de perdas de faturamento por estados, o levantamento apontou maior variação dos índices dos estados componentes das regiões Norte e Nordeste. Na região Norte os índices de perdas de faturamento oscilam de 21,93% no estado de Tocantins a 74,6% no estado do Amapá. No Nordeste as oscilações dos índices de perdas também são notáveis: enquanto o Ceará apresenta índice igual a 21,76%, o estado de Alagoas apresenta índice igual a 65,87%. De acordo com a pesquisa, uma redução de 10% nas perdas paraenses agregaria cerca de quase R$ 800 mil à receita operacional com a água. Em todo o País, essa redução implicaria em mais R$ 1,3 bilhão, equivalente a 42% do investimento realizado em abastecimento de água em 2010. 

Nas 100 maiores cidades, esta redução agregaria R$ 758 milhões à receita operacional de água, correspondendo a 40% do valor investido no atendimento. No Amapá, pior caso, uma redução de apenas 10% traria um ganho de R$ 8,3 milhões, ou seja, valor 6.135% maior do que o Estado investiu em água em 2010. "As perdas de água representam um dos maiores desafios e dificuldades para a expansão das redes de distribuição de água no Brasil. A perda financeira com a água produzida e não faturada faz com que o setor do saneamento perca recursos financeiros fundamentais também para a expansão do esgotamento sanitário no país", aponta o estudo. 

Fonte: http://www.orm.com.br/oliberal

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