Pará perde 41,2% da receita com água
O levantamento feito pelos professores Rudinei Toneto Jr., da Universidade de São Paulo (USP), e Carlos Saiani, do Instituto Mackenzie, leva em conta dados de 2010 e é baseado nas perdas financeiras dos provedores dos serviços informadas ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades. No Pará, a principal empresa fornecedora de água é a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), uma empresa pública do Estado. "Estas perdas financeiras derivam da água produzida, mas que não consegue ser cobrada do usuário por problemas técnicos, de ineficiência na gestão, entre outros. Derivam de ligações clandestinas, roubos de água, problemas e/ou falta de hidrantes e de medição em geral, submedições e, sobretudo, dos vazamentos que ocorrem por sobrepressão nas redes em horários de baixa demanda, por corrosão e/ou idade avançada das redes de distribuição, uso de materiais inadequados ou fora dos padrões técnicos, obras mal executadas, entre outros", diz o estudo.
O
estudo utilizou informações sobre os serviços de abastecimento de água
em 4.926 municípios brasileiros, dos quais 333 na região Norte (7%),
1.584 na região Nordeste (32%), 417 na região Centro-Oeste (8%), 1.505
na região Sudeste (31%) e 1.087 na região Sul (22%). Em 2010, a média
brasileira de perdas de faturamento era igual a 37,57%, com média de
51,55% na região Norte; 44,93% na região Nordeste; 32,59% na região
Centro-Oeste; 35,19% na região Sudeste; e 32,29% na região Sul.
No
que diz respeito aos índices de perdas de faturamento por estados, o
levantamento apontou maior variação dos índices dos estados componentes
das regiões Norte e Nordeste. Na região Norte os índices de perdas de
faturamento oscilam de 21,93% no estado de Tocantins a 74,6% no estado
do Amapá. No Nordeste as oscilações dos índices de perdas também são
notáveis: enquanto o Ceará apresenta índice igual a 21,76%, o estado de
Alagoas apresenta índice igual a 65,87%. De acordo com a pesquisa, uma
redução de 10% nas perdas paraenses agregaria cerca de quase R$ 800 mil à
receita operacional com a água. Em todo o País, essa redução implicaria
em mais R$ 1,3 bilhão, equivalente a 42% do investimento realizado em
abastecimento de água em 2010.
Nas
100 maiores cidades, esta redução agregaria R$ 758 milhões à receita
operacional de água, correspondendo a 40% do valor investido no
atendimento. No Amapá, pior caso, uma redução de apenas 10% traria um
ganho de R$ 8,3 milhões, ou seja, valor 6.135% maior do que o Estado
investiu em água em 2010. "As perdas de água representam um dos maiores
desafios e dificuldades para a expansão das redes de distribuição de
água no Brasil. A perda financeira com a água produzida e não faturada
faz com que o setor do saneamento perca recursos financeiros
fundamentais também para a expansão do esgotamento sanitário no país",
aponta o estudo.
Fonte: http://www.orm.com.br/oliberal
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