Rio+20: Desperdício de água só vai acabar com punição, diz biólogo

Há pouco mais de dois meses, na ocasião da abertura do Fórum Mundial da Água, em Marselha, na França, o primeiro-ministro Francês François Fillon declarou que chegou o momento do planeta aplicar “velocidade de cruzeiro” para o que chamou de “nova revolução industrial”.

Às vésperas de receber a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, o Rio de Janeiro, bem como diversas outras cidades brasileiras, ainda sofre com o desperdício e a falta de consciência acerca do bem natural indispensável à vida humana. E, de acordo com o biólogo marinho Marcelo Szpilman, autor de diversos livros da área e diretor do Instituto Ecológico Aqualung, além de membro de grupo de trabalho da conferência que ocorrerá em junho na capital fluminense, somente com punições severas é que a ordem coletiva se estabelecerá no País que concentra 12% da água potável do planeta.

“Existe uma verdade: você não vai conseguir que todas as pessoas tenham consciência ecológica. Para você colocar a pessoa nessa trilha, é punição. Desembolsar é punição. Na Alemanha, a água é cara. A pessoa urina e só vai puxar a descarga na terceira ou quarta vez. Para isso, eles têm uma substância que quebra o cheiro desagradável da ureia. Porque é caro. Esse é o caminho”, explica Szpilman, em entrevista exclusiva ao Terra.

“Outro exemplo que eu te dou: se você andar nas ruas dos Estados Unidos, é tudo limpo, ninguém joga lixo na rua. Se jogar o lixo na rua, será multado. Se você entra no cinema, vai ver que é a coisa mais suja do mundo, já que alguém vai limpar aquilo. Eles têm consciência? Não. Eles fazem (manter as ruas limpas) porque são punidos. Não adianta ser romântico. Muita coisa mudou em função de uma série de circunstâncias. Mas o uso racional da água, não”, complementa.

Seguindo a linha do uso indiscriminado da água por parte da população brasileira, outro ponto chama a atenção do biólogo: por que, assim como já é feito com a luz, os prédios domiciliares do País não contam com relógios exclusivos para cada residência? “O Brasil tem tanta água, que e o sistema é meio perverso nesse sentido, pois a menos que você more em casa, a cobrança da água é no condomínio, você não tem a mínima noção de quanto você está gastando. Fica sempre a sensação de que não sai do bolso dele”, pondera.

“Muitos apartamentos no Brasil todo ainda contam com aquela válvula antiga de descarga, que você fica apertando e gasta uma água incrível. Não custa muito se mudar isso. Nos Estados Unidos e Europa, as descargas têm dois botões, um para urina e outro para fezes. Isso já é um uso muito mais racional”, exemplifica novamente.

No último Fórum Mundial da Água, evento prévio do Rio+20 em questões de sustentabilidade, a ONU apontou em relatório que a demanda mundial por água, até 2050, crescerá em torno de 55%. Tendo em vista que a população mundial atual está na ordem dos 7 bilhões de habitantes, e que até o referido ano, pela mesma projeção, terá 2,3 bilhões de pessoas suplementares, estima-se que 40% da população não terá acesso à água se medidas de controle e educação para uso racional não forem colocadas em prática já.

“Você já tem vários países em guerra pela água (principalmente na África e no Oriente Médio). Esse é um problema que só vai se agravar”, conclui Szpilman, lembrando ainda de outro dado alarmante: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sete pessoas morrem por minuto, em todo mundo, por ingerir água insalubre.

(Fonte: André Naddeo - Portal Terra)

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