Estudo da UFPA levanta possíveis impactos da Usina de Belo Monte

Um trabalho realizado por professores do Instituto de Tecnologia (Itec) da Universidade Federal do Pará (UFPA) constatou que os impactos sociais e ambientais que poderão ser provocados pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, estão subestimados. Resultados obtidos pela pesquisa realizada pela empresa Norte Energia (Nesa), responsável pela construção da Usina, estariam equivocados.
A pesquisa foi encomendada pelo Ministério Público Federal (MPF), que apontava algumas dúvidas com relação aos dados defendidos pela empresa. Um dos pontos questionados foi não existir a marcação real do ponto de 100 metros de altitude, citados nos estudos de impacto da empresa. Segundo a Nesa, é o ponto exato onde o lago artificial atingirá a cidade de Altamira.
O trabalho feito a partir de um marco reconhecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca que o ponto em que o lago artificial irá atingir a cidade será superior em 90 cm ao nível calculado pelos pesquisadores do Nesa. A empresa é a administradora da construção e da operação da Usina em Belo Monte.
Mesma região após a instalação do canteiro do Sítio Belo Monte, em janeiro de 2012. (Foto: Divulgação/Regina Santos/Norte Energia)Mesma região após a instalação do canteiro do Sítio Belo Monte, em janeiro de 2012. (Foto: Divulgação/Regina Santos/Norte Energia)
Outro ponto levantado pelos pesquisadores da Ufpa é a quantidade de pessoas atingidas no município de Altamira, que seria de cerca de 25 mil pessoas, e não aproximadamente 16 mil, apontadas pelo levantamento da empresa.
“Começamos em 2010 e fizemos duas campanhas. A primeira foi para encontrar, na cidade de Altamira, o ponto de 100 metros de altitude, o qual apenas constava no relatório da Nesa e do qual não existia uma marcação real. Calculamos a partir de um marco recente, implantado pelo IBGE, e descobrimos o lugar preciso desse ponto, que difere do que está indicado na planta divulgada pela empresa", afirma o professor André Azevedo, do curso de Engenharia Civil da UFPA.
O professor também conta que a segunda ação foi para demarcar e estipular quantas pessoas poderão ser impactadas com essa nova marcação. "O Ministério Público queria constatar fisicamente onde se localiza essa marcação em Altamira e nós conseguimos encontrá-lo”, pontua o professor.
André Azevedo deixa claro que o estudo não tem a intenção de posicionar a UFPA contra ou a favor da construção da Usina e, sim, prestar um serviço à comunidade para a busca de respostas claras e confiáveis sobre os impactos gerados pela Hidrelétrica. O professor avalia a importância do estudo no âmbito social.
"A grande valia é que podemos identificar riscos indicados por resultados mais próximos do real, antes do lago ser efetivamente criado, momento esse em que os danos seriam irreversíveis", ressalta.
A empresa Norte Energia foi comunicada sobre o estudo mas, até o momento, não se posicionou sobre o assunto.
Para saber mais sobre o estudo, acesse os relatórios produzidos pelos professores da Universidade Federal do Pará sobre os impactos da Usina de Belo Monte aqui.

Fonte: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2012
 

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