PLEBISCITO: COISAS QUE DEVEMOS SABER...

Venho acompanhando a campanha dos antisseparatistas (aqueles que são contra a divisão do Estado do Pará) e sinceramente fico muito aborrecida com a forma que falam das riquezas do Pará, como se fossem somente da região metropolitana. Que apelação! O açaí, o tacacá, o carimbó (metáfora nojenta da campanha) vão continuar sendo de todos, ninguém vai tirar nada de ninguém, mesmo porque eles são nossos também! E você, que assim como eu, que nasceu paraense, vai morrer paraense! Serão tapajoaras apenas aqueles que nascerem após a criação do Estado.

Fico impressionada com os mecanismos mesquinhos que estão usando para ludibriar o povo, como por exemplo, usando o Hino do Pará. De que adianta um território imenso, com densas florestas, se as pessoas que nele moram não possuem qualidade vida? Se o governo não tem políticas públicas para cuidar de seu povo com dignidade como poderá cuidar da floresta que sofre com desmatamento desordenado, tráfico de animais, dentre tantos problemas?

Falam também que começaremos com déficit orçamentário e que teremos que começar do zero e montar toda a estrutura que uma capital precisa. E daí se teremos que construir? O problema será nosso! Por que Belém se preocupa com isso, uma vez que já possui toda essa estrutura? Pelo menos conquistaremos algo. Pois em nossa região, não contamos nem com hospitais  de qualidade para atender os pacientes que não possuem dinheiro para viajar até Belém para tratar suas enfermidades, e os que conseguem chegar lá amargam a espera de atendimento, pois até lá a políticas para saúde são precárias. Perguntem quantos oriximinaenses preferem ir a Manaus (capital do Amazonas), onde não são cobertos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas assim o fazem pelo custo da viagem ser mais baixo e pela agilidade no atendimento. Alguém de Belém sabe disso? Sabe que o Amazonas está cuidando de inúmeros pacientes paraenses que o Pará não tem estrutura para atender? Certamente não sabem e não estão preocupados com isso. Porque sinceramente, o que percebo nessa campanha, é que somos paraenses mas não valemos nada para o Pará, inclusive para o Governador que resolveu ir a público dizer NÃO a criação dos Estados do Tapajós e Carajás!

Enquanto os antisseparatistas estão preocupados com o tacacá, o açaí, o tamanho do Pará; nossas preocupações são maiores, pois nossos problemas são gigantes como o território paraense. E nossas dores? E nossos anseios? E nossas feridas que só aumentam? Não temos universidades! Não temos escolas técnicas! Não temos hospitais especializados! Não temos justiça do trabalho, nem se quer juízes nossos municípios possuem direito! Não temos agência do INSS, os trabalhadores para se aposentar ou conseguir algum benefício tem que esperar a Agência Móvel vir aqui apenas duas vezes ao ano! Não temos PROCON e vivemos a engolir sapos por não ter a quem recorrer em casos de prejuízos com o que compramos, a começar pelo péssimo atendimento que recebemos de algumas empresas. Para se ter idéia, é inaceitável termos que ficar com um produto, simplesmente porque o estabelecimento não faz troca!  

Eu poderia passar o dia inteiro escrevendo sobre nossos motivos para querermos o Estado do Tapajós, mas não quero tornar esta leitura enfadonha. No entanto, para esclarecer quem ainda está em dúvida quanto ao seu voto no dia 11 (EU VOTO SIM = 77), acompanhe alguns trechos de um artigo publicado pelo BLOG: A PERERECA DA VIZINHA, e tenha noção do que está por trás da campanha contra a divisão do Estado do Pará.

Boa Leitura!

BLOG A PERERECA DA VIZINHA DIZ:

O que está em jogo é um sonho, uma esperança de décadas dessas populações.
(...)
A bem da verdade, Belém e o Nordeste do Pará sempre se lixaram para o Baixo-Amazonas e o Sul e Sudeste do Pará, que só conhecem de cartões  postais, da reportagem de alguma revista ou quando resolveram pegar uma praia, nas férias.

Assim, muitos dos eleitores do “não” votarão, até sem o saber, movidos simplesmente por um orgulho besta de um Pará que só é realmente gigantesco nas mazelas sociais.

Ou, ainda, porque acreditam, pragmaticamente, que o Pará terá prejuízos com a separação, o que tenderia a piorar a própria vida.


Tais “cálculos” ou sentimentos, no entanto, tendem a se esvair rapidamente nas lides cotidianas, ou na primeira fila do Pronto Socorro da 14 de Março.

O mesmo não se pode dizer, no entanto, do sentimento incrustado, cristalizado, no coração dos habitantes do Baixo Amazonas e do Sul e Sudeste do Pará.
(...)
Um estado do Pará, onde 70% dos adolescentes não conseguem concluir nem mesmo o ensino fundamental; onde há 30 mil analfabetos entre 12 e 17 anos; onde um quarto dos meninos e meninas sobrevive com R$ 136,00 por mês; onde, em boa parte do território, inexiste até mesmo redes de água e saneamento.
(...)

A campanha antisseparatista é essencialmente xenófoba, apelando para os piores sentimentos dos paraenses – e eu posso falar de cátedra porque sou paraense da gema.


A campanha antisseparatista “vende” as populações do Baixo Amazonas e do Sul e Sudeste do Pará como se fossem “forasteiros”, “oportunistas”, que aqui chegaram com uma mão na frente e outra atrás, se deram bem, e agora querem nos dar um pé na bunda.
E, no entanto, não há uma linha de verdade nessa gororoba xenófoba.

Os cidadãos do Baixo Amazonas e do Sul e Sudeste do Pará são brasileiros que ocuparam regiões que os habitantes de Belém nunca se interessaram em ocupar.

E quando essas pessoas chegaram ao Baixo Amazonas e ao Sul e Sudeste do Pará, não encontraram um “Paraíso”, não: passaram é muita fome, trabalharam de sol a sol; enfrentaram, como ainda enfrentam, a ausência do Estado e o faroeste que sempre se estabelece na movimentação de grandes massas humanas sem qualquer planejamento.

Não são “bandidos”, “estrangeiros”, “mercenários”, “aproveitadores”; não são nem melhores nem piores do que nós, aqui de Belém. São apenas cidadãos em busca de uma vida melhor, como todos somos.  São, enfim, nossos irmãos de Brasil.

E quem discorda da opção que fizeram maciçamente pela separação (e as pesquisas mostram claramente isso) tem é de buscar argumentos de fato, e não essa gororoba preconceituosa e mesquinha. (...)

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