Desemprego entre jovens pode significar falta de mão de obra no futuro, avalia especialista
O aumento da
criminalidade nas cidades, a migração de áreas rurais para urbanas e a
escassez de mão de obra no futuro podem ser algumas consequências da
incidência do desemprego sobre os jovens, avalia o diretor adjunto de
Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), Carlos Henrique Leite Corseuil.
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
12,6% das pessoas entre 15 e 24 anos no mundo estavam sem emprego em
2012, o que corresponde a cerca de 74 milhões de pessoas.
“Estudos mostram que no Brasil, e também em outros lugares do mundo,
um cenário mais apertado no mercado de trabalho urbano pode desmotivar a
busca dos jovens por um emprego e fazer com que tentem a vida de outras
formas. Na maioria dos casos, em atividades ilegais”, disse Corseuil à
Agência Brasil.
Segundo ele, o Brasil não atingiu patamar preocupante de desocupação
entre a população jovem. Ao contrário, o mercado no Brasil está
aquecido, em termos gerais. A taxa de desemprego para os jovens na
América Latina e no Caribe, região na qual se insere o Brasil, ficou em
13,5% - um pouco acima da média mundial (12,6%), mas abaixo dos países
desenvolvidos (17,9%), como Estados Unidos e Japão; do Oriente Médio
(28,1%); do Norte da África (23,8%) e da Europa Central (17,1%), de
acordo com a OIT.
No caso dos jovens em áreas rurais, a escassez de trabalho pode levar
à migração para as cidades, em busca de melhores oportunidades. De
acordo com Corseuil, a maioria das pessoas no campo ignora quando a
situação nas cidades também não está favorável, o que acaba estimulando o
êxodo e o inchaço das cidades – com a ampliação das favelas, da pressão
sobre a infraestrutura em geral e da precarização dos serviços básicos.
Nas cidades, essa população jovem que veio do campo se torna urbana e
passar a encontrar os mesmos problemas.
O impacto do desemprego para as novas gerações ainda pode trazer
problemas para o futuro, como a escassez de mão de obra qualificada.
“Quando se passa por momentos de crise, como o atual, não significa que
não se vai precisar de profissionais mais para a frente. Então, esse
jovem que poderia estar trabalhando, adquirindo experiência e se
qualificando vai perder essa fase”, disse o diretor do Ipea.
Há diversos tipos de iniciativas experimentais para tentar solucionar
a questão do desemprego entre a juventude, segundo Corseuil, como a
criação de instrumentos que auxiliem essas pessoas na procura por
emprego, citando como exemplo, o portal Mais Emprego, do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) brasileiro. Em alguns países europeus, informou
Corseuil, há iniciativas que vão além, como instituições que entram em
contato com o jovem, analisam seu perfil e tentam combiná-lo com as
demandas das empresas, o que aumenta as chances de colocação no mercado.
Outras iniciativas - como programas de treinamento direcionado,
formação específica e subsídio para contratação - têm resultados
diferentes, segundo o diretor do Ipea. De acordo com ele, os resultados
funcionam de acordo com os contextos específicos e podem trazer
benefícios mais ou menos expressivos, dependendo da situação.
“O desemprego entre jovens é muito mais sensível aos ciclos
econômicos que o de adultos. Como passamos por um período de crise, é
natural que haja aumento. Pode ser que ainda demore um tempo para que os
jovens passem a se beneficiar da recuperação”, explicou.
Fonte: Carolina Sarres - Agência Brasil
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