Rãs minúsculas das Ilhas Seychelles 'ouvem' pela boca, revela estudo
Cavidade bucal amplifica frequências de sons emitidos por anfíbios. Animais tropicais não têm ouvido médio nem tímpano, mas não são surdos.
Rã da espécie 'Sooglossus gardneri' 'ouve' pela boca, aponta novo estudo (Foto: HO/CNRS/AFP)
Algumas das menores rãs tropicais do mundo não têm ouvido médio nem tímpano, mas são capazes de "ouvir" pela boca, afirmaram cientistas nesta segunda-feira (2). A maioria das rãs tem ouvido médio, parte do aparelho auditivo que inclui o tímpano e pequenos ossos na parte externa da cabeça. Os tímpanos então vibram quando percebem ondas sonoras, reenviando essas vibrações ao ouvido interno e depois ao cérebro.
Esse, porém, não é o caso das minúsculas rãs Gardiner (Sooglossus gardneri),
que vivem nas florestas tropicais das Ilhas Seychelles, no Oceano
Índico, e medem apenas 1 cm de comprimento, destacou o estudo, publicado
na revista "Proceedings of the Natural Academy of Sciences" (PNAS), da
Academia Americana de Ciências.
Os pesquisadores pensavam que essas rãs fossem surdas, até que as
expuseram a gravações do coaxar de outras espécies. Durante as
experiências, os cientistas perceberam que os machos Gardiner
respondiam, o que demonstrou que conseguiam ouvir.
Radiografias também evidenciaram que nem os pulmões, nem os músculos
desses anfíbios os ajudavam a transmitir sons a seus ouvidos internos.
Apesar disso, os autores descobriram que a boca deles age como um
"amplificador" das frequências dos sons emitidos. Esse sistema é
estimulado por pequenas membranas localizadas entre a boca e o ouvido
interno.
"A combinação da cavidade bucal e a condução óssea permite que as rãs
Gardiner percebam sons de forma eficaz, sem usar o tímpano do ouvido
médio", explicou Renaud Boistel, da Universidade de Poitiers e do Centro
Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS, na sigla em
francês).
"Demonstramos que a presença de ouvido médio não é uma condição
necessária para a audição terrestre, apesar de ser a solução mais
versátil para a vida na Terra", destacou o autor.
Fonte: http://g1.globo.com/natureza
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