Turma de professores indígenas é formada no Pará, entre eles há oriximinaenses
ndios da etnia Tembé, do estado do Pará, e da etnia Kapoor, do
Maranhão, participaram na noite do último sábado (31), no município de
Tomé-Açu, no nordeste paraense, da solenidade de colação de grau do
curso de formação em Magistério Indígena, ofertado pela Escola
Itinerante de Formação de Professores Índios do Pará, da Secretaria de
Estado de Educação (Seduc). De beca, cocares, colares e rostos pintados,
23 índios receberam seus diplomas.
O curso que teve duração de quatro anos. As aulas foram realizadas em
oito módulos para cerca de 300 alunos, divididos em seis municípios
polos: Oriximiná, Capitão Poço, Paragominas, Santarém, Marabá, São Félix do Xingu e Altamira. No polo de Capitão Poço, as aulas foram realizadas em duas etapas anuais, com 30 dias de aula em cada etapa.
Os professores da Seduc, que têm em seu histórico curricular
experiência com educação indígena, se deslocaram até os municípios polos
para ministrar as aulas. Os índios deixaram suas aldeias para
acompanhar o curso.
“O mais difícil para nós, sem dúvida, foi ter que deixar a nossa aldeia
e ficar longe de nossos parentes. Muitos não conseguiram concluir, mas
para os que foram até o fim, com certeza, esse esforço foi recompensado,
e com essa formação nós estamos dando um passo muito importante em
nossas vidas”, disse a índia Lidia Tembé, 25 anos, moradora da aldeia
Pitawa, distante 24 quilômetros do município de Tomé-Açu.
Para Raimundo Sena Tembé, 30 anos, da aldeia Nova, também próxima a
Tomé-Açu, a formatura dos indígenas é um momento muito especial para as
aldeias. “Sonhávamos com esse dia, em que nós teríamos dentro das nossas
aldeias professores índios para ensinar e atender as demandas do nosso
povo. Quem melhor do que nós, índios, para educar o nosso povo?”,
declarou Raimundo, que foi o orador da turma.
Juramento
Durante a solenidade de colação, o momento mais importante para os formandos foi o juramento, feito pelo paraninfo da turma e líder da etnia Tembé, Kokoixunti Tembé. Ele pediu para que os índios, agora professores, assumissem a responsabilidade com os direitos de suas aldeias, por meio de uma atuação em favor da comunidade e da construção de uma escola com autonomia, que afirme a identidade do seu povo.
A professora Andrea Campelo, coordenadora do curso e professora de
Educação Indígena da Seduc, relembrou as dificuldades enfrentadas e o
esforço feito por todos. “Vejo este dia como um momento histórico. Nós
sabemos da dificuldade que eles passaram. Mas graças ao governo do
Estado, através da Seduc, a realização deste sonho foi possível. Os
índios sempre foram muito discriminados pela sociedade, e com essa
conquista eles irão voltar às aldeias qualificados, e com a
possibilidade de gerar grandes mudanças em suas terras”, afirmou.
Segundo o coordenador de Educação Indígena da Seduc, Giano Quintas,
existem no Pará 13 mil alunos indígenas, sendo 2 mil sob a
responsabilidade do Estado, e o restante dos municípios. No ano
passado, o curso formou outros 130 índios. Está prevista, ainda para
este ano, a formação de outra turma de indígenas, de aldeias dos
municípios de São Félix do Xingu e Altamira.
FONTE: http://g1.globo.com/pa
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